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Como a nutrição pode ajudar na cicatrização, após uma cirurgia plástica ou procedimento estético?


Cuidado! com o fim das restrições sociais impostas pelo novo coronavírus, você pode não reconhecer totalmente um parente ou amigo. Isso pode ser devido a um procedimento ou cirurgia estética realizada durante o isolamento.


Mas você pode se perguntar, quem gostaria de fazer uma cirurgia plástica em meio ao caos de uma pandemia? A ideia de COVID-19 levando a um maior interesse em cirurgia plástica pode parecer estranha. Mas claramente, faz todo o sentido. Qualquer pessoa que já estava interessada em uma intervenção, mas preocupada com o período de recuperação, teve uma oportunidade de ouro.


Embora ainda precisassem de licença do trabalho, o tempo seria bem menor, uma vez que poderiam trabalhar da cama, da sala ou de qualquer lugar da casa enquanto se recuperasse. Além disso, aquele guarda-roupa confortável foi perfeito para o pós-operatório em home office.


No entanto, o fator mais importante provavelmente foi o "Zoom Boom". Com a mudança para o trabalho online, estávamos nos vendo não apenas de uma forma estática, mas também totalmente engajados na conversa. Vimos nossos corpos e rostos revelarem, sobrepeso, gordura localizada, linhas, rugas, papadas, pálpebras caídas, dobras no pescoço e assimetrias até então desconhecidas. E com as férias, viagens, eventos sociais em espera e trabalhando em casa, aí estava a oportunidade perfeita.


Mas não importa o tipo de intervenção que você fez ou pretende fazer, é importante lembrar que cirurgia é cirurgia, e que cirurgia plástica, seja ela qual for, não combina com maus hábitos alimentares e de estilo de vida.

Hábitos saudáveis ​​são a maneira mais eficaz de ter saúde e uma aparência bonita. Simplesmente não há substituto para exercícios físicos regulares e uma alimentação equilibrada. Por isso os pacientes devem se comprometer a mudanças de comportamento.


Lembre-se! A lipoaspiração ou abdominoplastia não lhe dá licença para comer o que quiser.


Concentre-se em alimentos integrais e in natura. Isso significa descascar mais e desembalar menos.

Por exemplo, uma laranja seria um alimento integral. O suco de laranja seria uma versão processada, principalmente os industrializados. Uma batata assada é um alimento integral, enquanto uma batata frita é mais processada, peito de frango grelhado é melhor que nuggets. Enfim, a lista é infinita.


Procure olhar para o alimento com o máximo de atenção. Não apenas se é integral ou não. Em outras palavras, você pode fazer uma dieta rica em carboidratos e com baixo teor de gordura de forma saudável, assim como pode fazer uma dieta rica em gorduras e carboidratos de forma saudável. O principal é escolher as opções de gordura ou carboidratos com sabedoria. Além disso, a simples forma de preparo do alimento faz toda a diferença na sua saúde.


E a cicatrização?


A cicatrização, seja por lesão acidental ou intervenção cirúrgica, envolve vários eventos biológicos e moleculares, que podem ser divididos em quatro fases sobrepostas, coagulação, inflamação, migração-proliferação e remodelação.

A fase inflamatória é caracterizada por hemostasia, quimiotaxia e aumento da permeabilidade vascular, limitando mais danos, fechando a ferida, removendo resíduos celulares, bactérias e promovendo a migração celular. A etapa proliferativa é marcada pela formação de tecido de granulação, reepitelização e neovascularização. Já a fase de maturação/remodelação é onde a lesão atinge a força máxima à medida que amadurece.

Todos estes processos resultam em aumento da atividade celular e demanda metabólica intensificada, que solicitam nutrientes específicos em cada uma destas etapas. Confira aqui, o que não pode faltar no seu prato para reduzir a inflamação, melhorar a função imunológica e para a perfeita reparação dos tecidos.


Carboidratos

  • A ingestão adequada de carboidratos é necessária para a produção e movimento de fibroblastos e atividade leucocitária. Os carboidratos também estimulam a secreção de hormônios e fatores de crescimento, incluindo a insulina, que é útil nos processos anabólicos da fase proliferativa. Alimentos fontes: pão integral, chia, quinua, arroz integral, batata doce.


Cuidado! A hiperglicemia e suas complicações podem reduzir a função dos granulócitos e promover/agravar a formação de feridas. Particularmente, em pacientes diabéticos, níveis mais elevados de glicose podem interferir no processo de absorção de nutrientes, causando a depleção de magnésio, zinco, B12, B6, ácido fólico.


Proteínas

  • As células envolvidas na cicatrização requerem proteínas para sua formação e atividade, por isso, a sua deficiência pode atrasar a progressão da fase inflamatória para a proliferativa. Nas fases proliferativa e de remodelação, a carência de proteína também pode diminuir a atividade dos fibroblastos, retardando a angiogênese e reduzindo a formação de colágeno. Além disso, a falta de proteína também está associada à diminuição da massa corporal magra (MCM). Em geral, a perda de ~ 10% MCM está associada a baixa imunidade e aumento do risco de infecção. Alimentos fontes: peixes, carnes, ovos, aves, grãos integrais

Gorduras

  • As gorduras têm funções estruturais na bicamada lipídica das membranas celulares durante o crescimento do tecido. Eles também são precursores de prostaglandinas, que por sua vez são mediadores da inflamação e podem gerar benefícios importantes durante a fase inflamatória. Alimentos fontes: abacate, azeite, azeitonas, salmão

Aminoácidos (AA)

  • Entre os aminoácidos, aqueles que exercem papel importante na cicatrização, estão a arginina e a glutamina. O primeiro é um precursor do óxido nítrico e da prolina, que por sua vez são essenciais para o processo inflamatório e síntese de colágeno. Alimentos fontes: leite, iogurte, frango, lagosta, atum, camarão, salmão, amendoim, noz, avelã, castanha, aveia, granola, gérmen de trigo, semente de girassol.


  • A glutamina atua em várias vias metabólicas, enzimáticas, antioxidantes e imunológicas. Em feridas, ele protege contra o risco de complicações infecciosas e inflamatórias. A glutamina também é um precursor da glutationa, um antioxidante e cofator essencial de várias reações enzimáticas, importante para estabilizar as membranas celulares e transportar aminoácidos através delas. Além disso, a glutamina está envolvida na fase inflamatória da cicatrização, regulando a apoptose de leucócitos, produção de superóxido, processamento de antígenos e fagocitose. Alimentos fontes: carne vermelha de frango, ovo, espinafre, leite e seus derivados, peixe. feijão, ervilha, grão de bico

Vitaminas


As vitaminas são, sem dúvida, os micronutrientes mais importantes no processo de cicatrização.


Vit. A


A deficiência de vit A prejudica a função das células B e T, e a produção de anticorpos durante a fase inflamatória. Também diminui a epitelização, a síntese de colágeno e o desenvolvimento do tecido de granulação nas fases proliferativa e de remodelação. Além disso, ela funciona como um hormônio que modula a atividade das células epiteliais e endoteliais, melanócitos e fibroblastos, ligando-se aos receptores do ácido retinóico. Alimentos fontes: fígado, gema de ovo, leite, espinafre, couve, beldroega, mostarda, abóbora, cenoura, manga, caju, goiaba, mamão e caqui


Complexo B

  • O complexo B é composto por oito (8) vitaminas (B1 - tiamina, B2 - riboflavina, B3 - niacina, B5 - ácido pantotênico B6 - piridoxina, B - biotina B9 - folato e B12 -cobalamina). Estas vitaminas são cofatores essenciais nas reações enzimáticas envolvidas na formação de leucócitos, e nos processos anabólicos de cicatrização. A tiamina, riboflavina, piridoxina e cobalaminas também são necessários para a síntese de colágeno. Consequentemente, as deficiências prejudicam indiretamente o processo de cicatrização, diminuindo a produção de anticorpos e a função dos glóbulos brancos, o que pode aumentar o risco de complicações infecciosas. Alimentos fontes: peixes, levedura, fígado, castanhas, abacate, couve, rúcula e espinafre.

Vit. C

  • A vit C participa na cicatrização pela síntese de colágeno, resposta antioxidante e função imunológica adequada. Na fase inflamatória, participa do recrutamento de células para o ferimento e sua transformação em macrófagos. Durante a síntese de colágeno, a vit C forma limites extras entre as fibras de colágeno, que aumentam a estabilidade e a resistência da matriz de colágeno. Ela é essencial para neutralizar a produção de radicais livres nas células danificadas, enquanto sua deficiência pode aumentar a fragilidade de novos vasos. Alimentos fontes: brócolis, couve, pimentão amarelo, goiaba, mamão, manga, acerola, kiwi laranja, morango, abacaxi, tangerina

Vit D

  • A vitamina D que é expresso em vários tecidos, modulam a integridade estrutural e o transporte através das barreiras epiteliais.

Minerais

  • Vários minerais estão envolvidos no processo de cicatrização devido a seus papéis como fatores estruturais de enzimas e antioxidantes.

Zinco

  • É essencial para a replicação do DNA em células com altas taxas de divisão celular, como células inflamatórias, epiteliais e fibroblastos. Na fase inflamatória, o zinco promove a resposta imune e neutraliza a suscetibilidade a complicações infecciosas, ativando linfócitos e produzindo anticorpos. Na fase proliferativa e remodelação, é essencial para a produção de colágeno, proliferação de fibroblastos por estimular a atividade das enzimas envolvidas. Alimentos fontes: carne bovina e aves, fígado de frango, sementes de abóbora e linhaça, feijão, leite, ovos

Ferro

  • Como o ferro transporta oxigênio para os tecidos, é essencial para a perfusão tecidual e a síntese de colágeno. Portanto, a deficiência de ferro resulta em isquemia do tecido, produção prejudicada de colágeno e diminuição da força da ferida na fase proliferativa. Alimentos fontes: lentilha, ervilha, grão-de-bico, feijões, carne bovina, suína, aves, ovos

Água

  • Manter-se hidratado antes e depois da cirurgia é especialmente benéfico para a cicatrização. Quando a sua pele está hidratada a cicatrização é mais rápida.

Curcumina

  • As propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes da curcumina podem reduzir a expressão do fator de necrose tumoral alfa (TNF) einterleucina-1 (IL-1), e restaurar o desequilíbrio entre a produção de espécies reativas de oxigênio (ROS) e a atividade antioxidante. Uma vez que a curcumina induz apoptose/morte de células inflamatórias durante a fase inicial da cicatrização, ela também pode acelerar o processo de cicatrização, encurtando a fase inflamatória. Além disso, a curcumina facilita a síntese de colágeno, migração de fibroblastos e diferenciação celular.


O que deve ser evitado?


· Sal: O sódio pode causar retenção de líquidos, prolongando qualquer inchaço próximo a uma incisão. Reduza ou elimine o sal imediatamente após a cirurgia para permitir que seu corpo se recupere mais rapidamente.

  • Açúcar: açúcares e alimentos ricos em carboidratos refinados podem suprimir a função imunológica e promover inflamação. Seu corpo precisará de cinco vezes mais nutrientes que o normal após a cirurgia, para ajudar a prevenir infecções e promover a cicatrização de forma efetiva. Uma boa nutrição reduz o inchaço, evita infecções, dores e inflamações.

  • Álcool: A ingestão de bebidas alcóolicas no pós-operatório deve ser evitada, devido ao fato do seu organismo precisar de reserva metabólica para o processo de cicatrização, e o álcool é um fator pró inflamatório, pró edema, que pode atrapalhar ou retardar esse processo.

Mais sobre Adriana Stavro: Instagram: @nutriadrianastavro

Adriana Stavro - Nutricionista Funcional e Fitoterapeuta - CRN- 43576

Especialista em Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) pelo Hospital Israelita Albert Einstein - Mestranda do Nascimento a Adolescência pelo Centro Universitário São Camilo.


Fontes:


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